O P I N I Ã O
Diante da roubalheira, 60 milhões de brasileiros disseram “quero isso de volta”
Por Alexandre Garcia

Muita gente, assim como eu, fica sem entender como é que 60 milhões de eleitores brasileiros disseram “eu prefiro a volta daqueles 14 anos”. Foi o tempo da maior roubalheira que o país já teve. A maior da história. Todos os escândalos, ministros presos, tesoureiros do PT presos. O próprio ex-presidente foi preso. A presidente foi “impichada”. Foi um escândalo atrás do outro.
E isso envolveu estatais, ministérios, empreiteiras pagando propina, tudo. E 60 milhões de brasileiros disseram “eu quero isso de novo”. Não dá para entender. Eu me lembro do Alckmin dizendo que Lula queria voltar à cena do crime, que era a volta dele ao poder. Está aí, Alckmin hoje é o vice-presidente da República a partir do próximo dia 1.º de janeiro.
Não contesto o resultado da eleição. Mas ele mostra que o Brasil está dividido. Foi meio a meio, 51 a 49, praticamente. Mas eu fico sem entender. Por que as pessoas, já tendo conhecido, já sabendo como é um governo do PT, quiseram isso de volta? É difícil de a gente entender. Tem muita gente que diz que as pessoas votam nos candidatos com os quais mais se identificam pelo caráter. Aí é até meio cruel imaginar uma coisa dessas. Mas está aí o resultado. Na democracia cada pessoa vale um voto.
Foi o Nordeste que deu a vitória a Lula
E foi o Nordeste que deu a vitória para o Lula. A diferença no Nordeste foi tão grande que Bolsonaro não conseguiu anular essa diferença em São Paulo, nos estados do Sul, no Rio de Janeiro, no Centro-Oeste. Em Minas Gerais foi praticamente empatado. Antes, estranhamente, Lula havia ganho de Bolsonaro, embora os eleitores mineiros tivessem reeleito Romeu Zema.
Para governador, a grande surpresa foi no Rio Grande do Sul. O PSDB reelegeu Eduardo Leite, que renunciou para ser candidato a presidente da República e disse que não ia ser mais candidato lá, mas convenceu os gaúchos e vai ser de novo governador.
Presidente eleito vai ter oposição muito grande
Como serão esses quatro anos? Em 2 de outubro a centro-direita teve 70% da Câmara dos Deputados e 67% do Senado. É capaz até de fazer mudanças na Constituição, que exigem 60% nas duas casas, e já tem mais que isso.
O novo presidente terá uma oposição muito grande. Sem contar os governadores que foram eleitos e que estão afinados com Bolsonaro. Certamente Bolsonaro será o grande líder da oposição nesses próximos anos. E o novo Senado vai querer saber por que o Supremo Tribunal Federal saiu da Constituição por tantas vezes, assim como o Tribunal Superior Eleitoral.