sexta-feira, maio 30, 2025
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EDITORIAL

“Tudo está como dantes no quartel d’Abrantes” – Parte II

Por Flávio Senra (*)

Na última quarta-feira (04), após veicular nosso Editorial que teve por título “Tudo está como dantes no quartel d’Abrantes”, recebemos vários gestos de congratulações pela, modéstia a parte, qualidade do texto, e, porque não, algumas críticas de uma meia-dúzia alegando que estaria sendo injusto com os até então sabatinados pelo radialista Reinaldo Tavares, da Rádio N.

Como salientei a ocasião, aquele conteúdo era uma opinião minha, que posso e tenho o direito de transformar em opinião do veículo de comunicação do qual sou o Editor desde junho de 1993, e não poderia me furtar de, após ouvir por duas vezes cada um dos sabatinados por aquela emissora cujo trabalho é de merecedora de aplausos, achar que eles em quase nada mudaram suas respostas, enfim, estava uma literal decoreba que me fez viajar até meus tempos de bancos escolares nos cursos então denominados Primário e Ginasial, onde os alunos eram obrigados a decorar páginas e páginas dos livros, principalmente, de história e geografia, até mesmo de português.

Por falar em livro de português, me lembro bem que uma sempre saudosa professora que tive no 1º ano Ginasial, dona Zoé Fernandes Antunes, obrigou seus alunos, inclusive este que ora ocupa vosso tempo, a decorar todas as conjunções, antes divididas em subordinadas e integrantes, hoje divididas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas. É lógico que não consegui decorá-las, e como castigo fui obrigado a copiar, num caderno especial apelidado de caderno de castigo, por 100 vezes, todas as conjunções. Devo ressaltar que acabei tendo que escrever bem mais vezes, isto porque, espertamente, inicialmente usei carbono para atender o castigo imposto por aquela grande mestra, que reconheço ter sido de grande importância para exercer minha atividade profissional – meu castigo foi escrever mais 150 vezes…

A ideia da sabatina não deixou de ser importante, mas posso afirmar sem receio que esperava mais dos sabatinados, e acredito que o mesmo esperavam os ouvintes daquela emissora de rádio capitaneada pelo comunicador Manoel Américo da Silva Salles. Esperava algo de novo, o que não aconteceu, diferente de tudo que ouço faz décadas. Esperava ouvir quais as propostas que os sabatinados pretendiam implementar para o município, como gerar mais empregos, melhoria nas áreas da Saúde e Educação, conservação e revitalização das estradas vicinais e do calçamento das ruas de nossa cidade, o que pensam fazer na recuperação do marco histórico mais importante do município – Estação Ferroviária de Porto Novo e o Projeto do Trem de Turismo envolvendo a Locomotiva a Vapor 51, e outras situações.

Acham pouco? Pois eu não acho, pois, como a grande maioria da população quer saber é o que nossos candidatos pretendem fazer para resolver o maior e mais complexo problema provocado pela atual gestão municipal, no caso específico a destruição no Hospital São Salvador graças a incompetência dos interventores indicados pelo prefeito Miguel Belmiro de Souza Júnior, o Miguelzinho.

Na minha exposição, citei que o melhor prefeito que Além Paraíba teve nos últimos cinquenta anos foi Elias Fadel Sahione, a quem tive a oportunidade e honra de prestar serviços na sua Assessoria de Comunicação. Nos seus dois mandatos, aquele alemparaibano que sempre mostrou ser humilde e generoso, teve por meta principal servir bem o povo de sua terra natal. Vale ressaltar, foi graças a Elias Sahione que a Guabi, última grande indústria aqui foi instalada, hoje gerando mais de 200 empregos diretos e outros 1,2 mil indiretos. De lá para cá, infelizmente, o município somente cresceu como rabo de cavalo, ou seja, para baixo, diante do olhar apático e oco daqueles que o sucederam.

Que me desculpem os três candidatos sabatinados – Dr. Paulo Henrique Marinho Goldstein, José Márcio Fernandes da Silva (Dedé) e Dr. Márcio Valverde, pela minha franqueza. Mas, como disse antes e agora repito,  esperava um pouco mais de cada um dos senhores.

Finalizando, espero algo de diferente nos dois últimos candidatos que serão sabatinados, no caso específico o médico Dr. Rafael Gracioli e a educadora Luciana Galhardo. Seus históricos me obrigam a afirmar que certamente poderão surpreender aqueles que os acompanharão durante o bate-papo que será levado através da emissora que está promovendo a Sabatina.

Dr. Rafael, por exemplo, foi o grande responsável por alavancar o Hospital São Salvador, instituição que se tornou numa referência regional quando da Pandemia da Covid-19 que tirou a vida de milhões e milhões de pessoas mundo afora, aqui em Além Paraíba 174. Covardemente e sem qualquer propósito que não a de perseguição pessoal, acabou sendo afastado da provedoria daquela instituição pelo atual prefeito através de uma intervenção que acabou resultando no que hoje toda população alemparaibana e da região conhece. Dr. Rafael será o próximo sabatinado, amanhã, sábado (07), a partir das 10 horas.

A outra candidata a ser sabatinada será a educadora Luciana Galhardo, ex-secretária municipal de Educação e ex-candidata a vice-prefeita do professor Fernando Lúcio Ferreira Donzeles. Frente a pasta que ocupou, Luciana obteve bons resultados, valendo ressaltar que, infelizmente, à ocasião em que veio como candidata a vice de Fernando Lúcio foi de certa forma achincalhada pelo candidato opositor, no caso específico o hoje prefeito Miguelzinho, que atualmente é o seu principal apoiador, porque não dizer general-eleitoral. Luciana será sabatinada na próxima semana, sábado, dia 14 de setembro.

Boa sorte para ambos, e tomara que reflitam bastante sobre o que levarão ao povo alemparaibano ouvinte da Rádio N. Com toda certeza, esse povo, já tão sofrido devido os desmandos que são vistos a olhos nus por todos, está esperando muito mais do que um belo e bem decorado texto literalmente vazio de propostas, sem qualquer perspectiva de mudança para a boa terra mineira banhada pelo Rio Paraíba do Sul.

(*) Flávio Senra é o Editor do Jornal Além Parahyba desde junho de 1993.