Operação do Ministério Público e Gaeco realizada em 27 de outubro divide opinião de alemparaibanos
“Se o objetivo era encontrar provas contra possíveis desvios de recursos públicos, por que o mesmo não foi feito junto à prefeitura”, foi um dos comentários postados em rede social.
Uma operação realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) foi deflagrada na manhã do dia 27 de outubro em Além Paraíba, tendo por objetivo arrecadar provas contra possíveis desvios de recursos públicos junto ao Hospital São Salvador, denúncia promovida pelo atual governo do município, capitaneado pelo professor Miguel Belmiro de Souza Júnior, também alvo de várias denúncias de irregularidades durante sua gestão que foram promovidas pelo médico Dr. Rafael Gracioli, alvo da operação.
A operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Juiz de Fora, pela Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça e Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste, pelas Promotorias de Justiça de Além Paraíba, pelo 4º Departamento da Polícia Civil, pelo Departamento Estadual de Combate a Corrupção e pela Delegacia de Polícia Civil de Três Rios/RJ.
Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em Além Paraíba, Argirita e Juiz de Fora, e nas cidades de Três Rios e Sapucaia, no Rio de Janeiro. Também estão sendo cumpridos cinco mandados de indisponibilidade e sequestro de imóveis, sequestro de vinte e nove veículos, apreensão de aportes e de recursos financeiros. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Cível, Criminal de Execuções Penais de Além Paraíba.
O povo de Além Paraíba dividiu-se em suas opiniões sobre a operação, em sua maioria criticando-a já que entende que o mais atingido, Rafael Gracioli, e o prefeito, seu ex-cunhado, são antagonistas já de longa data, desde que o médico, quando era provedor do Hospital São Salvador, impediu que Miguelzinho colocasse na direção da instituição alguém de sua estrita confiança, no caso o seu irmão Alexandre Reis de Souza, também médico. Numa reunião realizada junto ao Conselho Diretor do HSS, o prefeito viu-se impedido de fazer o que pretendia, valendo ressaltar que a municipalidade, pelo estatuto da instituição, não possui poderes para seu gerenciamento, que, aliás, é privada sem fins lucrativos.
Em 07 de janeiro último, o prefeito, através de um decreto municipal, promoveu uma intervenção da instituição, exonerando da provedoria o médico Rafael Gracioli, todos os membros de Conselho Diretor, bem como sua própria irmã, a enfermeira Bethânia Reis de Souza, que atuava como diretora istrativa e que durante a pandemia da Covid, como secretária municipal da Saúde, teve relevante atuação no combate ao mal do século. Vale registrar, por não concordar com Bethânia já que esta tinha bom relacionamento com o provedor do HSS, aliás, seu ex-esposo com quem tem um filho, Miguelzinho cometeu uma das maiores covardias em sua gestão como Chefe do Executivo, exonerando esta do cargo que exercia a frente da Pasta da Saúde Municipal no final da madrugada de um domingo, através de rede social.
Após essa situação que reverberou inúmeras críticas ao prefeito por grande parte da população, o clima entre as partes esquentou ainda mais, isto porque Rafael acabou convidando Bethânia para assumir a direção istrativa do HSS, ainda no ápice da pandemia da Covid-19.
Vale também ressaltar, a gestão do prefeito Miguel Belmiro de Souza Júnior frente ao município recebeu, desde que promoveu a intervenção no HSS, uma série de denúncias junto ao Ministério Público de Minas Gerais (Comarca de Além Paraíba) e o Ministério Público Federal, relatando inúmeras irregularidades em compras realizadas durante a pandemia de Covid-19, obras superfaturadas, etc. Vários inquéritos foram instaurados, valendo ressaltar que em sua maioria o denunciante é o médico ora alvo do MPMG (Comarca de Além Paraíba). “Se o objetivo era encontrar provas contra possíveis desvios de recursos públicos no HSS, por que o mesmo não foi feito junto à prefeitura”, foi um dos comentários postados em rede social. Recentemente, quase que na véspera da operação, outra atividade igual foi realizada no município, envolvendo possível superfaturamento por parte da municipalidade na construção de escadas de concreto em bairros distintos da cidade que, segundo informações oficiosas, resultarão em devolução de recursos financeiros aos cofres públicos.
Segundo uma Nota de Esclarecimento assinada pelo advogado Bruno Barros e divulgada na tarde do mesmo dia da operação, 27 de outubro, a medida contra Rafael Gracioli teria sido precipitada, isto porque o médico tem endereço fixo e nunca se furtou a responder qualquer intimação proposta pelo Judiciário.
Diz a Nota:
“Hoje, a cidade acordou assustada com uma operação da polícia decorrente de uma ação ministerial, que busca a devolução dos valores dos plantões supostamente não realizados pelo Dr. Rafael Gracioli, a época da pandemia, no HSS.
Contudo, no curso da ação, a verdade vai prevalecer!
A população alemparaibana é testemunha de que no ano de 2020, o Dr. Rafael foi quem mais esteve presente no HSS, cuidando de toda a população no momento mais crítico da pandemia!
Dr. Rafael tem endereço fixo, nunca se furtou a responder nenhuma intimação da justiça, sendo essa medida cautelar, no mínimo, precipitada.
O advogado ainda não conseguiu o aos autos para ciência no que pese as acusações.
O Rafael, bem como seu advogado confiam na justiça e esperam tão logo seja restabelecida a verdade dos fatos.
Assina: Bruno Barros – Advogado”
A notícia da operação chamou a atenção de grande parte da população alemparaibana, maioria contrária a intervenção do Hospital São Salvador promovida pelo prefeito em 07 de janeiro, que até agora, é o que parece, não conseguiu apurar nada que comprove irregularidades cometidas pelos gestores, aí incluídos os membros do egrégio Conselho istrativo da instituição que foi criada no início do século XX pelo médico Dr. Paulo Joaquim da Fonseca, tendo o apoiamento da população de Além Paraíba das diversas camadas sociais do município, dos mais abastados aos mais humildes, sem dinheiro público envolvido.
Um fato que chamou a atenção na operação vem da parte de um veículo de comunicação alemparaibano, de propriedade de conhecido dono de jornal com laços bem próximos ao prefeito e assessores diretos deste, ter tido ciência de toda a operação imediatamente à sua realização, antes mesmo que os autos foram revelados às partes envolvidas, em especial ao advogado do médico Dr. Rafael Gracioli, da enfermeira Bethânia Reis, outros dois profissionais médicos que tiveram bens apreendidos, e terceiros, como a secretária do consultório do ex-provedor do HSS. Por sinal, Dr. Rafael teve apreendida algo em torno de 20 motocicletas, que segundo o mesmo foram adquiridas ao longo de seus 20 anos de profissão. “Meu hobby são motocicletas, e as que tenho estão devidamente relacionadas em minha declaração de imposto de renda. Algumas são realmente bastante valiosas, adquiridas, a maioria, antes mesmo que eu fosse escolhido para atuar na provedoria do HSS, e são frutos de meu trabalho. Quem me conhece sabe que não frequento festas, restaurantes caros, e meus hábitos são bastante simples. Sequer tenho aporte, e nunca, ao contrário de muitos colegas, viajei ou financiei qualquer viagem para o exterior para meus filhos, um deles estudante de medicina”, desabafou o médico sobre o fato. “Tenho endereço fixo e nunca me furtei a responder nenhuma intimação do Poder Judiciário ou do Ministério Público”, afirmou.
Inúmeros foram os alemparaibanos tecendo comentários sobre a vida profissional do médico que teve bens apreendidos pelo MPMG, até mesmo um pedido de prisão. Durante o período da pandemia da Covid-19, Dr. Rafael foi um dos poucos profissionais da Medicina de Além Paraíba que atuou na linha de frente ao combate e atendimento aos alemparaibanos que foram contaminados. Ressalta-se que a maioria dos médicos alemparaibanos ficou escondida em suas bolhas, enquanto o Dr. Rafael e o Dr. Haroldo Marinho, outro que foi atingido pela operação, atuaram diuturnamente atendendo e cuidando dos infectados que foram internados no Hospital São Salvador, vários até mesmo vindos de outros municípios, nem todos da região já que aqui foram recebidos pacientes vindos de Campos, Volta Redonda, Angra dos Reis e outros municípios até de outros estados. Não fosse a atuação da equipe montada no HSS, o número de óbitos de alemparaibanos pelo coronavírus, acredita-se, seria bem maior ao ocorrido no município, pelo menos umas três vezes mais que os 171 registrados oficialmente.
“Dr. Rafael atendeu não uma meia dúzia de contaminados, mas dezenas e dezenas, algumas centenas. Chegou a ficar quatro/cinco dias dentro do HSS, não medindo esforço na busca de salvar vidas, inclusive a minha e de minha esposa, que ficamos entubados vários dias entre a vida e a morte”, afirma o profissional mecânico apelidado de “Filhote”. “Ele e o Dr. Haroldo, bem como toda a equipe que foi montada no HSS, atendeu com dedicação e salvou a vida de inúmeros alemparaibanos e não-alemparaibanos. Dr. Rafael atendeu até mesmo numa cadeira de rodas já que na ocasião sofrera um acidente quando trafegada entre Além Paraíba e Sapucaia, fraturando uma perna”, ressaltou o mecânico.
Entre os vários comentários da população alemparaibana durante a operação, a maioria foi de apoiamento aos profissionais atingidos. Para muitos, o afastamento por decreto de intervenção da instituição promovido pela municipalidade teve cunho pessoal, e somente trouxe problemas sérios ao atendimento à população. Os reclamos ao atendimento após a intervenção são inúmeros, e raros são os dias em que uma reclamação não é levada a público através das redes sociais.