domingo, maio 25, 2025
BRASIL E MUNDODESTAQUENOTÍCIAS

O P I N I Ã O

“Quem, de fato, são os facistas nesta história?”

Em 17 de julho de 1967 ocorreu no Brasil a “Marcha contra a Guitarra Elétrica”, também conhecida por “eata da MPB”.

A patética e caricata ação de cunho quase fascista (dito pelo próprio Caetano que, sabiamente, recusou-se a fazer parte) foi organizada por Elis Regina que, curiosamente, vinha sendo esmagada pela falta de audiência de seu programa “O fino da bossa”, derrotado semanalmente pela “Jovem Guarda” do Rei.

Deu pra notar que a turma dos mimados, com todo respeito à saudosa Elis, não mudou nada e continua a mesma até hoje, só substituindo alguns integrantes que o tempo levou.

Gil era um dos participantes e cabeças do movimento, mesmo ironicamente tendo se utilizado do instrumento elétrico em suas obras, tanto que meses depois, em outubro do mesmo ano, o cantor se apresentou no Festival da Record, acompanhado pelos Mutantes.

Daí se tem uma pequena noção da “coerência” de Gil, artista que tenho respeito pela obra, mas que nunca fui irador, especialmente após ter participado da coletiva de imprensa do espetáculo “Rei Leão”, do qual um arrogante e mal humorado Gil, compositor das versões das canções para o português (que particularmente não gostei), deu um verdadeiro show de indelicadeza, soberba e falta de respeito, inclusive com a própria Disney, em declarações não muito elegantes sobre a empresa.

O cantor Lobão tem histórias ótimas sobre Gil, basta procurar no YouTube e se divertir.

Sobre o recente episódio no Catar, mais uma vez a dita “esquerda” extrapola a sua falta de ética, bom senso e nenhuma coerência, já que para esta turma, ofender senhoras idosas como Regina Duarte e Cássia Kiss, ambas tão grandiosas em suas profissões como Gil, está tudo OK, é aprovado, já quando o povo resolve ofender um dos “deuses sagrados” da República do Dendê, aí é fascismo e deve ser punido imediatamente, etc, etc, etc…

Como ousa um cidadão vaiar um “deus”?

Bom, se a voz do povo continua sendo a voz de Deus, então que tal respeitá-la, certo?

Ok, ito o uso excessivo de ironia na frase acima.

No mais, fica registrado que seguindo a nova Cartilha, já em regime no “democrático” Novo Brasil, “ofender” artistas que não votaram no vencedor das eleições 2022 é amplamente permitido, já praticar a mesma ofensa a seres mágicos e consagrados, donos de uma inteligência infinitamente superior a dos humanos, e que votaram e apoiaram o candidato vencedor, aí já é ível de punição severa.

Por isto, nobre liberdade de expressão, aquele abraço.

Vai aqui uma perguntinha simples pra fechar o pitaco:

Quem, de fato, são os fascistas nesta história?

Fonte: Texto Original A Toca do Lobo / 28/11/22