Paulo Dantas, governador de Alagoas, alvo de operação da PF, é afastado do cargo pelo STJ
Segundo investigações da Polícia Federal, Paulo Dantas teria praticado crimes de corrupção desde quando era deputado estadual. A ministra Laurita Vaz, do STJ, determinou o afastamento dele do cargo de governador por 180 dias. Dantas concorre à reeleição.

A pedido da Polícia Federal, o Superior Tribunal de Justiça determinou o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas, do MDB. Segundo investigações da PF, Dantas teria praticado crimes de corrupção desde quando era deputado estadual.
A ministra do STJ Laurita Vaz atendeu a um pedido da PF para autorizar a operação de busca e apreensão em 31 endereços, incluindo a sede do governo do estado e o prédio da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Na casa do agora governador afastado Paulo Dantas, a PF apreendeu mais de R$ 100 mil. Os agentes apreenderam outros 14 mil em dinheiro no hotel onde Dantas estava hospedado em São Paulo. Dantas ficará afastado do cargo por 180 dias. O vice José Wanderley Neto, também do MDB, assumiu a função. As medidas cautelares incluem o sequestro de bens e de valores.
Paulo Dantas é investigado por participar de um suposto esquema na Assembleia Legislativa de Alagoas quando era deputado estadual. Segundo o inquérito policial, alguns funcionários fantasmas faziam saques em dinheiro e reavam a metade do salário para o parlamentar. Ainda de acordo com as investigações, aproximadamente R$ 54 milhões foram desviados desde 2019.
Ainda de acordo com o inquérito, Paulo Dantas continuava nomeando funcionários fantasmas e se beneficiando do esquema mesmo no cargo de governador.
A mulher de Paulo Dantas, Marina Thereza Cintra Dantas, uma irmã dele e dois cunhados também são investigados por terem despesas pessoais pagas supostamente com dinheiro desviado.
Segundo os investigadores, toda a movimentação financeira tinha um rígido controle em planilhas e comprovantes bancários.
Paulo Dantas assumiu o governo do estado em maio deste ano. Ele foi eleito indiretamente pela Assembleia Legislativa, depois que Renan Filho, também do MDB, se afastou para concorrer ao Senado.
O pedido da Polícia Federal foi feito em 8 de agosto e ampliado no dia 31 do mesmo mês, em meio a campanha do primeiro turno. Em nove de setembro, o Ministério Público Federal se manifestou. E a decisão da ministra saiu no dia cinco, quarta-feira ada, três dias após o primeiro turno, que terminou com Paulo Dantas à frente com 46,64% dos votos, contra Rodrigo Cunha, do União Brasil, com 26,79% dos votos.
Paulo Dantas concorre à reeleição com apoio do ex-presidente Lula, do PT, e do senador Renan Calheiros, do MDB.
Em nota, a coligação que apoia a reeleição de Paulo Dantas, que reúne MDB, PT, PCdoB, PV, PDT, PSC, Podemos e Solidariedade, afirmou que “o dia 11 de outubro de 2022 ficará marcado na história brasileira como o maior ataque feito contra um governador legitimamente eleito, vencedor do primeiro turno com ampla vantagem e líder absoluto nas pesquisas”, e que a ação suspeita foi realizada a menos de três semanas do segundo turno, que remonta a fatos ocorridos em 2017 e que é uma tentativa de vencer a disputa na base do golpe.
A coligação afirma, ainda, que “a 24 horas da eleição, o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, cometeu abuso de poder ao ameaçar revelar os detalhes da até então desconhecida operação Edema, chegando a ironizar que o tema mudaria os rumos do segundo turno. O uso político do aparato policial é tão claro e evidente que a operação espetaculosa acontece dois dias antes da anunciada presença de Lula em um ato de campanha em Maceió”.
Na noite de terça-feira (11), Paulo Dantas reagiu à operação atacando Arthur Lira e seu concorrente na disputa pelo governo, Rodrigo Cunha.
“O que aconteceu aqui hoje foi um verdadeiro ataque contra a democracia. Desesperados por conta da eleição, Arthur Lira e Rodrigo Cunha usaram uma ala da Polícia Federal para promover uma ação política criminosa, um verdadeiro golpe contra Alagoas”, disse.
O deputado Arthur Lira disse que Renan Calheiros sabe que não há interferência da Polícia Federal e quer esconder denúncias de corrupção, e que foi o Superior Tribunal de Justiça que viu indícios de corrupção e determinou o afastamento do governador.
O candidato Rodrigo Cunha classificou as afirmações de Paulo Dantas como mentirosas e covardes, e declarou que o adversário tem que se explicar à Justiça.
Marina Thereza Cintra Dantas não quis comentar.
Nesta quinta-feira (13), a corte especial do Superior Tribunal de Justiça vai analisar se mantém ou não a decisão individual da ministra Laurita Vaz.
Fonte: G1