Morreu Quino, o criador de Mafalda
O seu editor, Daniel Divinsky, anunciou: “Quino está morto. Todas as boas pessoas do país e do mundo inteiro vão chorar por ele”.
O desenhista argentino Quino, criador da personagem Mafalda, que marcou gerações entre 1964 e 1973. (Foto: Diário de Navarra) Mafalda, a menina que odeia sopa, personagem criada por Quino, imortalizada por inúmeros jornais do mundo inteiro. (Foto: Reprodução)
Morreu hoje (30), o desenhista argentino Quino, o criador da personagem Mafalda, que marcou gerações entre 1964 e 1973. Ele tinha 88 anos.
Em entrevista ao jornal Le Monde, em 2014, Quino definiu-se como “um pessimista que, apesar de tudo, tem a ilusão de que o seu trabalho pode fazer com que as coisas mudem”.
Mafalda foi um raio de luz num continente dominado por ditaduras. Como disse Umberto Eco, ela encarna o direito de continuar a ser uma menina que não quer assumir o universo adulterado dos pais. Foi um belo trabalho de um pessimista.
Quino
Filho de imigrantes espanhóis da Andaluzia, Joaquín Salvador Lavado Tejón nasceu em 1932, na província de Mendoza, na Argentina. Desde cedo foi chamado pelos familiares pelo apelido com que é conhecido – Quino – para diferenciá-lo do tio homônimo, desenhista, com quem já aos 3 anos de idade aprendeu o gosto pela arte.
Em 1945 perdeu a mãe e em 1948 o pai. No ano seguinte abandonou a Faculdade de Belas Artes com a intenção de se tornar um autor de banda desenhada, e logo vendeu o seu primeiro desenho animado, um anúncio de uma loja de seda. Tentou encontrar trabalho no editorial Buenos Aires, mas não conseguiu. Depois de fazer o serviço militar obrigatório em 1954, estabeleceu-se em Buenos Aires em condições precárias. Por fim, publicou a sua primeira página na revista de humor semanal Isto é, de logo se seguiram outras editoras: Leoplán, TV Guía, Vea y Lea, Damas y Damitas, Usted, Panorama, Adán, Atlántida, Che, o diário Democracia, entre outros.
Em 1954 começou a publicar regularmente no Rico Tipo e no Tia Vicenta e Dr. Merengue. Logo depois começou a tirar fotos de publicidade. Publicou as suas coleções primeiro no livro “Mundo Quino” em 1963, e logo surgiram algumas encomendas para algumas páginas numa campanha de publicidade encomendada por Mansfield, uma empresa de electrodomésticos.
A campanha não chegou a ser realizada pelo que a primeira história de Mafalda foi publicada no Leoplán, e pouco depois ou a ser publicado regularmente no semanário Front Page já que o editor do semanário era um amigo de Quino.
Entre 1965 e 1967 foi publicado no jornal (entretanto desaparecido) O Mundo, logo publicou as primeiras colecções de livros, e começou a ser lançado em Itália, Espanha (onde a censura forçou-o a rotulá-la como “conteúdo para adultos”), Portugal e outros países. Depois de por um fim à Mafalda a 25 de junho de 1973, segundo o próprio por as suas ideias estarem a esgotar-se, Quino mudou-se para Milão, onde continuou a fazer as páginas de humor que lhe caracterizam.
Em 2008, a cidade de Buenos Aires imortalizou-o. Por iniciativa do Museu de Desenho e Ilustração e com curadoria de Mercedes Casanegra, a Buenos Aires empresa Subway realizou dois murais da sua personagem Mafalda, na estação Peru, ou seja na histórica Plaza de Mayo. Isto assegurou o conhecimento do seu trabalho para as gerações futuras. Em 2009, com uma peça original da sua personagem Mafalda, realizado para o jornal El Mundo, na exposição “Bicentenário: 200 Anos de Humor Gráfico” que o Museu de Desenho e Ilustração, realizada em Eduardo Sivori Museu de Buenos Aires, homenageando os mais importantes criadores de Humor Gráfico na Argentina através de sua história.
Morreu em 30 de setembro de 2020, aos 88 anos, de acidente vascular cerebral.
Uma menina questionando o mundo
A obra mais famosa de Quino é a tira cômica Mafalda, publicada entre os anos 1964 e 1973. Editada em tiras nos jornais, Mafalda questionava todos os problemas políticos, de gênero, e até científicos que afligiam sua alma infantil e, ao mesmo tempo, refletia o conflito que as pessoas da época enfrentavam, sobretudo com a progressiva mudança dos costumes e a já incipiente introdução da tecnologia no cotidiano.
Um bom exemplo é a tira onde Mafalda ouve no rádio:
“O Papa fez um chamado à paz.”
E, com sua ingenuidade infantil, responde ao aparelho:
“E deu ocupado como sempre, não é?”
Apesar de ter sido interrompida ainda no começo dos anos 1970, Mafalda possui uma legião de fãs, e o trabalho de Quino ainda tem reconhecimento internacional, como um dos maiores cartunistas do mundo. Quino criou vários personagens, mas a personagem mais famosa é Mafalda, uma menina de quase 8 anos que odeia sopa.
Fonte: O Antagonista e Wikipédia